sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sete motivos para se tornar um professor

Leia-os com atenção e anote todos os detalhes:



1. Estude muito e leia bastante, principalmente a vida de São Francisco de Assis; lembre-se de que você também terá que fazer um voto eterno de pobreza;

2. Prepare-se para manejar certos instrumentos, como o giz e o apagador. Para tal, orientamos o personal stylest de Michael Jackson; você precisará de luva e máscara durante as aulas;

3. Manter-se em forma não será problema para você; com o corre-corre de uma escola para outra, você estará evitando o sedentarismo; com o salário que receberá, não precisará fazer regime; e caso precise complementar a cesta básica do mês, você ainda pode ter o privilégio de usar o abono de transporte;

4. O educador é o único que pode acumular cargos: além de ministrar aulas em 3 ou 4 colégios/faculdades/universidades diferentes, ainda sobra tempo para ser sacoleiro, levando para as escolas os últimos lançamentos do Paraguai ou sendo importante representante de empresas como a AVON, NATURA, a HERMES e a SHOPPING MAIS;

5. A formação continuada do professor é algo bastante importante e valorizada pelo governo. Com sorte, você será selecionado para ficar em um grande e luxuoso Spa Faxinal do Céu, desfrutar de ótimas instalações e saborear um cardápio variado no restaurante local; tudo isso com uma localização privilegiada e com vista para o ma...to;

6. O local de trabalho deve ser evidenciado: o educador, quase sempre, trabalha em escolas-modelo, cujo slogan é a fartura: 'farta' limpeza, 'farta' funcionário, 'farta' mmaterial didático, enfim, 'farta' tudo; e por incrível que pareça 'farta' educação.

7. Por fim, você desfrutará de um plano de saúde de ótima qualidade, cuja eficiência é demonstrada nos consultórios psiquiátricos repletos de professores que, ao completarem a idade e o tempo de serviço, já se encontram fatigados pelo trabalho, sugados pelo sistema e em pleno desmoronamento físico além do mental. Assim, depois de ler essas sete dicas, não perca a oportunidade e não desista:
O nosso lema é:

'PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR'.
Aos que já se encontram desfrutando desse 'néctar' que é ser professor, nossos parabéns, você é persistente e capaz. Possivelmente, não terá recompensa aqui na terra, mas é certo que já tenha adquirido lugar privilegiado no céu.

fonte: recebido da professora Pulquéria por e mail.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um pouco de Clarice Lispector

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.

Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.

Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.

Já tive crises de riso quando não podia.

Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.

Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...

Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".

Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram...

Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.

Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!!.

Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre.

Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.

Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente.

Não sei amar pela metade.

Não sei viver de mentira.

Não sei voar de pés no chão.

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Enfim, terminou a greve dos professores...

Ontem 27 de setembro de 2011, o cenário da ALMG estava assim: No plenário principal, cerca de 30 educadores acorrentados desde o dia 26 à tarde. E no pátio milhares de educadores e apoiadores, à espera do início da assembleia da categoria.
Finalmente, a direção do sindicato reunia-se com deputados que estabeleceram negociações com o governo, demorou mais de 10 horas e os professores aceitaram a proposta apresentada pelo governo do estado de Minas.
A categoria decidiu suspender a greve que durou 112 dias e as aulas recomeçam nesta quarta feira 28 de setembro de 2011. Enfim, o governo reconhece o direito ao piso na carreira e faz proposta de pagamento escalonado, entre 2012 e 2015.
Detalhes serão negociados por uma comissão formada por sindicato, deputados e governo. Irão discutir as melhorias para os dois tipos de remuneração da educação que está vigorando hoje em Minas Gerais: o regime do piso salarial antigo e o novo modelo de subsídio.
Está previsto também uma assembleia no dia 08 de outubro para avaliar as negociações.
Uma coisa é certa: Todos que participaram da greve, tem o direito e o dever de retornar à sala de aula de cabeça erguida, porque tiveram coragem de lutar por seus direitos. Outros, certamente, não terão essa possibilidade.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Professores ganham R$ 728,00 para preparar para a vida;

BOPE: R$ 2.260,00 Para arriscar a vida;
Bombeiros: R$ 960,00 Para salvar vidas;
Professores: R$ 728,00 para preparar para a vida;
Médicos: R$ 1.260,00 para manter a vida;
Deputado federal: R$ 26.700,00 para...

PARADOXOS DE UM PAÍS DE LOUCOS
Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata !

Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.

Um diretor - que é responsável pela garagem do Senado - ganha mais que um oficial-general do Exército, que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.

Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.

Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.

O SUS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos.

OS RESULTADOS NÃO JUSTIFICAM O ATUAL NÚMERO DE SENADORES, DEPUTADOS FEDERAIS, ESTADUAIS E VEREADORES.

O PAÍS DO FUTURO JAMAIS CHEGARÁ A ELE SEM QUE HAJA RESPONSABILIDADE SOCIAL E COM OS GASTOS PÚBLICOS .

JÁ PERDEMOS A CAPACIDADE DE NOS INDIGNAR, PORÉM, O PIOR É ACEITARMOS ESSAS COISAS, COMO SE TIVESSE QUE SER ASSIM MESMO, OU QUE NADA TEM MAIS JEITO.

VALE A PENA TENTAR.

AUMENTO DO NÚMERO DE VEREADORES EM MONTES CLAROS

A Câmara Municipal de vereadores de Montes Claros, em assembléia, votaram para que no próximo ano, em vez dos 15 membros que a compõem hoje, seja de 23 vereadores. Como sempre, legislaram em causa própria sem ouvir a opinião pública, que, com certeza rejeitaria esta mudança.

O que estão fazendo os 15 vereadores de Montes Claros para atenuar os inúmeros problemas que a cidade está vivendo?

Estão administrando em torno de R$ 30.000,00 ( trinta mil reais) que é o custo que sai do nosso bolso para cada vereador em Montes Claros.

Alguém acredita que aumentando o número de vereadores a população terá resposta aos seus anseios?.

Seria uma prioridade para a população de Montes Claros aumentar o número de vereadores?

Seria o tema mais urgente a ser votado?

Que benefícios a população terá com o aumento de vereadores?

A questão social é gritante, necessário seria que tivéssemos representantes que não sofressem miopia ou surdez social para ouvir o clamor da insatisfação dos que os elegeram, que tivessem a condição de perceber a ausência de obras públicas e de investimentos em nossa região. Vamos investir em esforços para combater o tráfico de drogas, a criminalidade que assusta a população, e em projetos que visem a melhoria na qualidade de vida. Temos que aumentar o número de pessoas honestas e de trabalhadores com carteira assinada, aumentar o salário dos professores, os asfaltos nos bairros, diminuir a quantidade de ruas esburacadas, aumentar o número de hospitais e o número de médicos para atendimento a população de baixa renda, que está sofrendo na porta de hospitais e postos de saúde à procura de assitência médica,aumentar o número de enfermeiras e muitas outras situações devem ser pensadas antes de priorizar o aumento do número de vereadores. São temas mais urgentes e de maior interesse para a população de Montes Claros.

Os que escolheram seus representantes na hora de votar, hoje tem dificuldades para acompanhar de perto o desempenho destes cidadãos, o resultado é o quadro instalado hoje em Montes Claros. Na verdade, existem prioridades urgentes além de discutir o aumento do número de vereadores.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

C O N V I T E

O SINDUTE de Montes Claros, convida a todos/as para um grande ATO UNIFICADO em defesa da Educação Pública e Valorização dos Profissionais
que estão há mais de 100 dias de GREVE. Convidamos todos os movimentos
sociais, movimentos da igreja, movimentos estudantil, assembleia popular e sindicatos aliados, bem como pais e alunos que apoiam nossa LUTA.
DIA: 26/09 - segunda feira
LOCAL: Pça Dr. Carlos
HORÁRIO: 16:00 horas

Participe e leve mais pessoas que acreditam que juntos seremos fortes para
vencer os opressores que estão no poder.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O MST NO BRASIL

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, tendo como foco as questões do trabalhador do campo, principalmente no tocante à luta pela reforma agrária brasileira. Como se sabe, no Brasil prevaleceu historicamente uma desigualdade do acesso a terra, consequência direta de uma organização social patrimonialista e patriarcalista ao longo de séculos, predominando o grande latifúndio como sinônimo de poder. Desta forma, dada a concentração fundiária, as camadas menos favorecidas como escravos, ex-escravos ou homens livres de classes menos abastadas teriam maiores dificuldades à posse da terra.

Assim, do Brasil colonial da monocultura a este do agronegócio em pleno século XXI, o que prevalece é a concentração fundiária, o que traz à tona a necessidade da discussão e da luta política como a encabeçada pelo MST.

Conforme Bernardo M. Fernandes em seu livro A formação do MST no Brasil (2000), o MST nasceu da ocupação da terra e tem nesta ação seu instrumento de luta contra a concentração fundiária e o próprio Estado. Segundo este autor, pelo fato da não realização da reforma agrária, por meio das ocupações, os sem–terra intensificam a luta, impondo ao governo a realização de uma política de assentamentos rurais.

A organização do MST enquanto movimento social começou nos anos 80 do século passado e hoje já se faz presente em 24 estados da federação, fato que ilustra sua representatividade em termos nacionais. A fundação deste movimento se deu em um contexto político no qual o duro regime militar que se iniciava na década de 60 do século passado chegava ao fim, permitindo à sociedade civil brasileira uma abertura política para reivindicações e debates. Neste contexto de redemocratização do país, em 1985 surgiu a proposta para a elaboração do primeiro PNRA (Plano Nacional da Reforma Agrária). Sua segunda versão (II PNRA) foi proposta apenas em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os objetivos do MST, para além da reforma agrária, estão no bojo das discussões sobre as transformações sociais importantes ao Brasil, principalmente àquelas no tocante à inclusão social. Se por um lado existiram avanços e conquistas nesta luta, ainda há muito por se fazer em relação à reforma agrária no Brasil, seja em termos de desapropriação e assentamento, seja em relação à qualidade da infraestrutura disponível às famílias já assentadas. Segundo dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o número de famílias assentadas nestes últimos anos foi de 614.093, sendo criados neste mesmo período 551 assentamentos. Ainda conforme o INCRA, no total, o Brasil conta com 85,8 milhões de hectares incorporados à reforma agrária e um total de 8.763 assentamentos atendidos, onde vivem 924.263 famílias.

Os números apresentados são positivos. Porém, se levarmos em consideração as afirmações do próprio MST e de especialistas no assunto, até 2010 havia ainda cerca de 90 mil famílias acampadas pelo país, o que representa uma demanda por terra considerável por se atender, a despeito dos avanços sugeridos anteriormente. Em relação à infraestrutura disponível a estas famílias, alguns dados apresentados pela Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos da Reforma Agrária promovida pelo INCRA em 2010 são muito significativos. A pesquisa mostra que 31,04% dos assentamentos possuem disponibilidade de energia, mas com quedas constantes ou com “pouca força” e 22,39% não possui energia elétrica, o que significa que mais da metade dos domicílios não contam plenamente com este benefício. No tocante ao saneamento básico, os dados também mostram que ainda é necessário avançar, pois apenas 1,14% dos assentamentos contam com rede de esgotos, contra 64,13% (somados fossa simples e fossa “negra”) que possuem fossas. A dimensão negativa destes dados repete-se na avaliação geral de outros fatores como a condição das estradas de acesso e de satisfação geral dos assentados, tornando-se mais significativa quando quase a metade dos assentados não obteve algum financiamento ou empréstimo para alavancar sua produção. Isso mostra que muito ainda deve ser feito em relação aos assentamentos, pois apenas com o acesso a terra não se garante a qualidade de vida e as condições de produção do trabalhador do campo.


Se por um lado a luta pela terra além de ser louvável é legítima, por outro, os meios praticados pelo movimento para promover suas invasões em alguns determinados casos geram muita polêmica na opinião pública. Em determinados episódios que repercutiram nacionalmente, o movimento foi acusado de ter pautado pela violência, além de ter permeando suas ações pela esfera da ilegalidade, tanto ao invadir propriedades que, segundo o Estado, eram produtivas, como ao ter alguns de seus militantes envolvidos em depredações, incêndios, roubos e violência contra colonos dessas fazendas.

Contudo, vale ressaltar que em muitos casos a violência e a ação truculenta do Estado ao lidar como uma questão social tão importante como esta também se fazem presentes. Basta lembrarmos o episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, em 1996, quando militantes foram mortos em confronto com a polícia. A data em que ocorreu este fato histórico, 17 de Abril, tornou-se a data do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Se a polêmica da violência (seja por parte do movimento, seja do Estado) não bastasse, outras vêm à tona, como a da regularização fundiária pelo país, a qual pode atender a interesses de latifundiários e famílias ligadas ao agronegócio. Dessa forma, a despeito das críticas que recebe (não apenas por seus atos polêmicos em si, mas algumas vezes por desconhecimento da opinião pública influenciada por uma mídia que pode ser tendenciosa), o MST trata-se de um instrumento importante na transformação de uma realidade rural no país: a concentração fundiária.

A reforma agrária está entre tantas outras reformas que a sociedade brasileira tanto almeja para uma agenda de erradicação da miséria e da desigualdade, valorizando a função social da terra. Assegurar os direitos do trabalhador do campo é, ao mesmo tempo, defender sua dignidade enquanto brasileiro.

Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

terça-feira, 20 de setembro de 2011

VIOLENCIA CONTRA EDUCADORES E CONTRA A EDUCAÇÃO EM MINAS

É hora de parar de olhar para o dedo e prestar atenção para onde a greve das/os professoras/res de Minas aponta.
Gilvander Moreira[1]
"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”(Bertold Brecht)
A greve dos professores da Rede Estadual de Minas Gerais, como uma ocupação de propriedade que não cumpre a função social, revelou uma grande ferida: um problema social que com certeza não existiria se o povo mineiro tivesse recebido, historicamente falando, uma educação pública de qualidade.
Uma professora, cujo nome fictício é Maria (é melhor não citar o nome para evitar retaliação), escreveu-me dizendo:
“Tenho estado em sala de aula há 24 anos, desde 1987. Fui parar numa sala de aula da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais por amor à profissão e por incentivo salarial, poisquando comecei a lecionar, em 1987, o nosso Salário Base (vencimento básico) correspondia a três salários mínimos (hoje, R$1.635,00) para quem lecionava de 5ª à 8ª série, e cinco salários mínimos (hoje, R$2.725,00) para quem lecionava para o Ensino Médio. Tinha perspectiva de carreira profissional. Com o tempo, vi a nossa situação piorando ano a ano, suportável durante algum tempo, mas há 9 anos sinto-me no fundo do poço. Sou mãe e tenho dificuldades para manter as despesas da casa. Moro de aluguel, não consigo viajar de férias há uns seis anos, dependo de um Plano de Saúde que não funciona (IPSEMG), gasto dinheiro com antidepressivos para conseguir trabalhar dois horários em condições que não carecem de serem descritas aqui. Sei que existem outras/os professoras/res em situações piores e me firmo nisso para não cair no desespero diante das consequências dessa nossa luta que é justíssima.”
Essa é a realidade da maioria esmagadora das/os professoras/res em Minas. É isso que sustenta a mais longa greve de Minas. Não é a direção do SINDUTE e alguns deputados, como alegam os que não ouvem os clamores ensurdecedores de milhares de professoras/res, como o descrito acima.
É insensatez o governador Antonio Anastasia, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de Minas pensarem que vão resolver um grave problema social como o suscitado pela greve dos professores com repressão, com canetada judicial mandando voltar para a sala de aula, com propagandas mentirosas nas TVs (em horário nobre), jornais e Rádios. Injustiça como a que estamos vendo com os trabalhadores e com a própria educação em Minas não pode ser jogada para debaixo do tapete.
Aos que se vangloriam com a decisão do desembargador Roney Oliveira, do TJMG, “mandando” os professores voltarem para as salas de aula sem o atendimento das suas reivindicações, recordo o que disse Jean Jacques Rousseau: “As leis são sempre úteis aos que têm posses e nocivas aos que nada têm.”
A questão levantada pelos professores de Minas, em greve há 103 dias, é um grave problema social que se resolverá somente com política séria que passa necessariamente pelo respeito à Lei Federal 11.738/08, que prescreve Piso Salarial Nacional – vencimento básico, sem artifício de subsídio – de 1.187,00, segundo o MEC[2] e 1.591,00, segundo a CNTE[3].
É uma injustiça que clama aos céus o Governo de Minas (PSDB + DEM) pagar como vencimento básico somente 369,00 para professora de nível médio por 24 horas; somente 550,00 (quase 1 salário-mínimo) para professor/a que tem um curso universitário e só agora, pressionado, prometer pagar só 712,00 (só a partir de janeiro de 2012) para todos os níveis, inclusive para educador/a com mestrado e doutorado. Insistir em política de subsídio é continuar tratando a educação como mercadoria e matar a conta-gota a categoria dos professores já tão esfolada. Será que vão querer, em breve, privatizar também a educação de 1º e 2º graus?
Um provérbio chinês diz: “Quando alguém aponta, os sábios olham para onde o dedo aponta e os idiotas olham para o dedo”. As/os educadoras/res de Minas estão apontando para a necessidade e justeza de construirmos em Minas um sistema educacional público de qualidade. Isso é cultivar o infinito potencial de humanidade com o qual todo ser humano chega à nossa única casa comum: o planeta Terra. Mas, tristemente, muitos só vêem o dedo dos professores: os estudantes de hoje sem aula. E os milhões de estudantes de agora em diante, poderão ser alijados do direito a uma educação pública e de qualidade?
Às/aos professoras/res que não estão participando da greve e a todas as pessoas que não estão ajudando na luta justa dos professores de Minas, em greve, quero recordar o que nos ensinou Bertold Brecht:
“Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso, porque eu não era miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego. Também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.” Afinal, a colheita sendo boa ou ruim, entre todas/os será dividida.
Dispõe o artigo 205 da Constituição de 1988 que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Como a educação, nos termos da Constituição Federal, deve ser promovida e incentivada visando o pleno desenvolvimento da pessoa, não pode um/a professor/a, conforme o relato acima calar-se diante de tanta injustiça do Estado no trato com a educação. Educa-se com o testemunho, com a ação. Professor/a que está na rua, exerce e ensina cidadania, reivindica a efetivação de direito social, fundamental. Luta por um novo sistema educacional que passa pela valorização justa de cada profissional da educação.
Ao fazer greve, os professores não estão sendo violentos, mas estão lutando pela superação de uma violência que os atinge cotidianamente. Violentos estão sendo o governo, o poder judiciário e o capitalismo que impõem um peso tremendo nas costas das/os educadoras/res e não reconhece o imprescindível papel que elas/es cumprem neste país.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 18 de setembro de 2011

[1] Frei e Padre Carmelita, mestre em Exegese Bíblica /Ciências Bíblicas, professor de Teologia Bíblica, assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Via Campesina; e-mail:gilvander@igrejadocarmo.com.br – www.gilvander.org.br – facebook: gilvander.moreira –www.twitter.com/gilvanderluis
[2] Ministério da Educação e Cultura.
[3] Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Devemos passar as notícias boas também!

O deputado federal José Antonio Reguffe, que foi proporcionalmente o mais bem votado do país com 266.465 votos, com 18,95% dos votos válidos do DF, estreou na Câmara dos Deputados fazendo barulho. De uma tacada só, protocolou vários ofícios na Diretoria-Geral da Casa.



Abriu mão dos salários extras que os parlamentares recebem (14° e 15° salários), reduziu sua verba de gabinete e o número de assessores a que teria direito, de 25 para apenas 9. E tudo em caráter irrevogável, nem se ele quiser poderá voltar atrás. Além disso, reduziu em mais de 80% a cota interna do gabinete, o chamado cotão. Dos R$ 23.030 a que teria direito por mês, reduziu para apenas R$ 4.600.
Segundo os ofícios, abriu mão também de toda verba indenizatória, de toda cota de passagens aéreas e do auxílio-moradia, tudo também em caráter irrevogável. Sozinho, vai economizar aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões (isso mesmo R$ 2.300.000,000) nos quatro anos de mandato. Se os outros 512 deputados seguissem o seu exemplo, a economia aos cofres públicos seria superior a R$ 1,2 bilhão.

A tese que defendo e que pratico é a de que um mandato parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje. Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que assumi com meus eleitores, afirmou Reguffe em discurso no plenário.

sábado, 17 de setembro de 2011

Oh, MINAS GERAIS... achei q a Ditadura não voltava JAMAIS

por Marcela Bueno, sexta, 16 de setembro de 2011 às 21:06

Logo eu, q trabalho com o audiovisual e com as mídias digitais, HOJE não consegui filmar NADA. Eu tremia ao ver a PM abrindo fogo contra pessoas completamente indefesas... Tentei filmar os professores, uma grande parte já ultrapassando os 50 anos, empunhando seu grito por respeito ao som do irônico "OH MINAS GERAIS" do Tizumba. A música tentando tapar a voz dos trabalhadores enquanto anunciavam 3 MILHÕES pra Copa do Mundo... A Praça da Liberdade com grades e policiamento pesado, quando de repente, uma ordem vinda de não sei onde, parece ter dito: soltem bala neles. E foi o que aconteceu. Muita gente machucada... era uma manifestação da família, da escola, de todos nós... E os bares da redondeza lotados da nata indiferente. E no coreto, adolescentes completamenta alienados gritando Galo. E eu ali no meio, com um misto de medo e uma vergonha danada de morar em Minas Gerais, um lugar onde a DITADURA come solta e ninguém vê. E quem pode ver e FALAR, continua cantando, como se nada tivesse acontecendo. E pessoas, há menos de 10 metros dali, sendo empurradas pela cavalaria, pelas balas de borracha, pela coerção. Eu poderia chegar em casa, ligar a TV e assistir alguma coisa.... mas hj não. Hj não consigo nem dormir direito. Estou sem acreditar até agora que em plena época da informação instantânea os mineiros saquem seus celulares apenas pra filmar os fogos de artifício estrategicamente pocados no momento de maior agressão ao movimento. Não consigo entender como a sociedade mineira pode achar que isso é um movimento isolado, dos professores apenas, e continue vendo os cidadãos sendo agredidos no escuro, calados com bordoadas, comprados por uma mídia duvidosa enquanto se limitam a reclamar de um trânsito já caótico por mil outros motivos. Eu tenho medo da Ditadura. Não posso ficar calada... Eu já me formei, não tenho filhos, não conheço ninguém da classe que estava alí, não sou militante de nada. Sou apenas uma pessoa que não acredita até agora no que acabou de presenciar na Praça da suposta Liberdade e o que vem presenciando nessas Minas Gerais, sob esse governo ditador... Oh Minas Gerais, o que eu vi hj REALMENTE não esqueço JAMAIS... #FORAANASTASIA #FORALACERDA #FORADITADURA

A Manifestação estava pacífica...

A PM abre fogo

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Em apoio à greve dos professores da rede pública do Estado de Minas Gerais. **

"LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

Certamente, os cem dias de greve têm ensinado lições mais importantes do que as propostas nos milhares de dias letivos dos quais nossos estudantes já participaram ao longo da vida. Esta greve - que é histórica e, acima de tudo, justa e salutar, diga-se de passagem - traz inúmeros benefícios para toda a sociedade brasileira. Tenho absoluta certeza de que os protestos, a angústia e a luta dessa classe faz toda a diferença na formação de uma nova mentalidade que vem surgindo no Brasil. Mas que bom que já temos coragem de sair às ruas para reclamar sobre o ensino público esfacelado que nos é dado! Que bom que não mais ficamos apenas na habitual reclamação, "ai, como seria bom se o professor fosse melhor preparado, e se houvesse uma cadeira para que ele se sentasse e fizesse a chamada!". Que bom que finalmente o plano das idéias encontrou o plano concreto da realidade! Aplaudo de pé aqueles que fizeram esse encontro acontecer!
Essa greve mostra muito mais do que professores indignados... Mostra um povo brasileiro cansado de ser levado "no banho maria" pelo governo... Cansado de ser enganado com promessas eleitoreiras. Mostra um povo que finalmente descobriu o poder que tem. É o povo clamando pelos seus direitos! É o povo que paga imposto e quer ver pra onde vai esse dinheiro! É um povo que tem coragem de mostrar a cara, bater no peito e dizer sem hesitar: Dai a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César! Eu quero o que é meu, do meu direito eu não abro mão!
E então o povo começa a se questionar. E então a maravilha se completa. Se há dinheiro para viagens fabulosas, contas milionárias, mensalão, mensalinho e seus variantes, se há dinheiro para mansões ilegais e toda espécie de corrupção diariamente anunciada nos meios de comunicação, se há dinheiro suficiente para bancar toda essa baixaria, por quê não há dinheiro para pagar o trabalhador?! Esse dinheiro agora tem que aparecer...
Porque o Brasil não tem fome só de Matemática, Português, História e Geografia. Nem só de cultura. O Brasil também é um faminto de justiça, de honestidade e transparência. E, particularmente, acredito que toda a Física, o Português, a Geografia ensinados servirão de NADA se o povo não aprender o básico do básico... que é conhecer os seus direitos, lutar por eles. Aí sim, quando buscarmos nossos direitos, reclamarmos por eles, veremos a mudança que tanto sonhamos... Porque um povo esclarecido e consciente é mais difícil de ser enganado! É a luta da sociedade pelo que é seu de direito que fará com que o dinheiro dos impostos seja melhor empregado. E então passará a haver dinheiro para pagar um salário digno a qualquer trabalhador... haverá um sistema educacional do qual a gente possa se orgulhar. E então, finalmente, nossos alunos aprenderão DE VERDADE Português, Matemática... porque aprenderam antes o fundamental: CIDADANIA!
Nada mais apropriado que essa revolução comece justamente pelos professores... eles, os responsáveis pelo ensino e formação de nossas futuras gerações, tem toda a moral para dar esse exemplo.
A vocês, queridos formadores do Brasil que seremos, meu apoio e minha admiração.
A vocês, queridos MESTRES, meu respeito.
Obrigada por abrirem nossas mentes para o caminho do respeito a nós mesmos, ao nosso país e ao que somos. Obrigada por nos mostrarem que não devemos aceitar a injustiça e a mentira; por nos dizer que não, não devemos aceitar um salário injusto, que desvaloriza o nosso trabalho.
E, principalmente, obrigada por nos ensinar a valorizar a nós mesmos.
Ana Teresa Araújo Viana, 17 anos.
Publicado no blog: www.deixaaalmarespirar.blogspot.com

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mensagem de Dom Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás, em apoio aos professores em greve.

Queridos Professores e Professoras,

Orgulho-me pela greve de vocês. Vejo neste acontecimento um dos esperançosos sinais dos tempos, semelhante ao que está acontecendo no Chile.
Vocês, com seu sofrimento e angústia, estão sendo os instrumentos de Deus na construção do Brasil que queremos, a Pátria dos nossos sonhos. Por isso uno-me solidário com vocês e com todos e todas que lhes dão apoio.
Com Cora Coralina, digo: “Propõe-se a ensinar aquele que é bom de espírito, aquele que se orgulha quando o aluno o supera. Aquele que, cotidianamente, motiva o aluno, sem esquecer-se de que um dia o foi... É aquele que, “Feliz, transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Vejo isso nos professores que estão em greve em Minas e em muitos outros estados.
Essa greve, a mais longa da história de Minas, será um marco histórico na luta pela educação pública e de qualidade, em Minas. Que cada professor/a desenvolva pedagogias que ajudem na compreensão da vida concreta, isto é, a matemática da fome, o português da violência, a geografia e a história da exploração e dos problemas sociais, a ciência da história da vida real das pessoas.
A greve das/os professoras/res de Minas Gerais está sendo uma verdadeira escola libertadora.
Quem disse que as/os professoras/es não estão ensinando? As/os educadoras/res estão nas ruas, ensinando uma verdadeira lição de cidadania, de quem não se deixa oprimir, de quem busca na luta, dignidade e justiça social pelo valor à educação, um dos maiores patrimônios que o Estado tem a obrigação de cuidar.
Atenção, Anastasia, a greve só será interrompida quando a justa, legal e legítima reivindicação da categoria for atendida: o Piso Salarial Nacional, um valor pífio e insignificante.
Enfim, benditas/os as/os educadoras/os e todos os que apoiam a luta pela educação pública e de qualidade e, assim, lutam pela transformação da sociedade.
Deus os abençoe e os livre de todo mal.

Dom Tomás Balduino,

Movimentos sociais: breve definição

Em linhas gerais, o conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específicos, permeados por tensões sociais. Podem objetivar a mudança, a transição ou mesmo a revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social. Seja a luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma determinada realidade que se caracterize como algo impeditivo da realização dos anseios deste movimento, este último constrói uma identidade para a luta e defesa de seus interesses. Torna-se porta-voz de um grupo de pessoas que se encontra numa mesma situação, seja social, econômica, política, religiosa, entre outras. Gianfranco Pasquino em sua contribuição ao Dicionário de Política (2004) organizado por ele e por Norberto Bobbio e Nicolau Mateucci, afirma que os movimentos sociais constituem tentativas – pautadas em valores comuns àqueles que compõem o grupo – de definir formas de ação social para se alcançar determinados resultados.

Por outro lado, conforme aponta Alain Touraine, Em defesa da Sociologia (1976), para se compreender os movimentos sociais, mais do que pensar em valores e crenças comuns para a ação social coletiva, seria necessário considerar as estruturas sociais nas quais os movimentos se manifestam. Cada sociedade ou estrutura social teria como cenário um contexto histórico (ou historicidades) no qual, assim como também apontava Karl Marx, estaria posto um conflito entre classes, terreno das relações sociais, a depender dos modelos culturais, políticos e sociais. Assim, os movimentos sociais fariam explodir os conflitos já postos pela estrutura social geradora por si só da contradição entre as classes, sendo uma ferramenta fundamental para a ação com fins de intervenção e mudança daquela mesma estrutura.

Dessa forma, para além das instituições democráticas como os partidos, as eleições e o parlamento, a existência dos movimentos sociais é de fundamental importância para a sociedade civil enquanto meio de manifestação e reivindicação. Podemos citar como alguns exemplos de movimentos o da causa operária, o movimento negro (contra racismo e segregação racial), o movimento estudantil, o movimento de trabalhadores do campo, movimento feminista, movimentos ambientalistas, da luta contra a homofobia, separatistas, movimentos marxista, socialista, comunista, entre outros. Alguns destes movimentos possuem atuação centralizada em algumas regiões (como no caso de movimentos separatistas na Europa). Outros, porém, com a expansão do processo de globalização (tanto do ponto de vista econômico como cultural) e disseminação de meios de comunicação e veiculação da informação, rompem fronteiras geográficas em razão da natureza de suas causas, ganhando adeptos por todo o mundo, a exemplo do Greenpeace, movimento ambientalista de forte atuação internacional.

A existência de um movimento social requer uma organização muito bem desenvolvida, o que demanda a mobilização de recursos e pessoas muito engajadas. Os movimentos sociais não se limitam a manifestações públicas esporádicas, mas trata-se de organizações que sistematicamente atuam para alcançar seus objetivos políticos, o que significa haver uma luta constante e em longo prazo dependendo da natureza da causa. Em outras palavras, os movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente por uma determinada bandeira.


Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

O líder sustentável

De:Luiz Carlos Cabrera


A crise econômica que a partir dos Estados Unidos impactou o mundo numa velocidade extraordinária, e numa voracidade idem, mostrou que estamos frente a frente com uma enorme escassez de líderes. O que tínhamos em várias organizações pelo mundo - e o pior é que acho que ainda temos - eram líderes de curto prazo, de olhar míope e de ganância absurda. O crescimento econômico constante forjou esses líderes, divididos essencialmente em duas categorias: os sabidos e os espertos. Hoje, essas figuras desapareceram (e as que ainda se escondem estão com os dias contados). O que se demanda agora é o líder sustentável, cujo perfil tem como base quatro componentes:

1. Ter foco no resultado economicamente viável, justo e que promova a perenidade do negócio;

2. Promover ações socialmente responsáveis com foco no crescimento das pessoas;

3. Promover ações culturalmente aceitas, praticando e zelando pelos valores da empresa;

4. Atuar em todo o ambiente de forma ecologicamente adequada.

Não se iluda. O líder sustentável não é bonzinho. Ele é correto. Ele é justo! Ele tem profundo interesse pelo gênero humano e por isso está focado no crescimento das pessoas.

Sua inteligência e competência permitem que ele entenda culturas diversas e possa navegar por elas sem violentá-las ou ofendê-las. Sua visão globalizada é fruto do desenvolvimento de um modelo mental de respeito à diferenciação e ao pluralismo. Seu foco no resultado é constante, mas ele não prejudica os que estão à sua volta. Por isso é justo. Você vai perceber claramente quem ele é mais por suas ações do que por suas palavras. Os líderes sustentáveis vão transformar organizações, cidades e países. A história vai se repetir: primeiro a crise implacável, depois, a evolução natural e o desejo do homem de se aperfeiçoar criarão um ciclo virtuoso, e nele os líderes sustentáveis desempenharão um papel preponderante. Olhe bem à sua volta, escolha aquele líder que será o seu modelo e se apresse. A transformação já começou.
Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop Hever Group

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O trabalho e o futuro

A informática é um ramo de atividade profissional do presente e do futuro.
Nunca o mercado exigiu tanto dos profissionais como atualmente, a perspectiva atual técnico-cientifíco-informacional têm exigido um nível cada vez mais elevado de qualificação (graduação, pós-graduação, conhecimento pleno em informática, idiomas entre outros atributos), além disso, o mercado exige que pessoas possuam também a capacidade de exercer múltiplas funções, realidade contrária ao processo de produção praticado no passado como o fordismo, no qual o trabalhador realizava apenas um trabalho alienado. Hoje o mercado cobra além de qualificação, atitudes como iniciativa, criatividade, bom relacionamento etc.
Segundo estimativas, algumas profissões vão se extinguir até por volta do ano de 2015, principalmente aquelas operacionais como cobradores de ônibus, caixas e todos os postos de trabalho que possam ser substituídos por máquinas.
No entanto algumas áreas teriam uma abertura maior de oportunidades como o turismo, meio-ambiente e internet, sabendo que não bastará apenas um diploma, mais sim, um alto nível de conhecimento interdisciplinar e de qualificação.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Polícia já identificou 25 grupos de skinheads em São Paulo

extraído do g1.com.br/fantástico

Mãe de jovem esfaqueado diz que filho não andava armado: “Ele achou no movimento punk uma forma de se manifestar”, justifica.

“Ele não foi o primeiro a morrer nem vai ser o último. O resultado disso vai ser a guerra”, diz o rapaz de 30 anos que não quer se identificar. Ele tem boas razões para isso.

Ele estava no meio do conflito que semana passada transformou uma rua de São Paulo em campo de batalha: a guerra entre gangues neonazistas e grupos contrários ao movimento. “A gente está correndo um risco permanente de ser agredido, de ser atacado. Eles perderam a vergonha, eu acho”, completou o rapaz.


O amigo dele, Johni Raoni Galanciak, de 25 anos, levou cerca de 20 facadas nas costas e no peito e morreu a caminho do hospital no sábado passado (3). Fábio dos Santos Medeiros, de 21, foi atingido na cabeça e continua internado em estado grave. Os dois jovens estavam em trincheiras opostas de um combate que vem crescendo também nas redes sociais da internet.

De um lado, estão os punks e os skinheads que são contrários à intolerância. Do outro, os skinheads que defendem o nazismo. É comum que os integrantes mudem de um grupo para outro ou troquem completamente de lado. Segundo a polícia, Guilherme Oliveira, preso acusado de esfaquear o punk Johni Raoni, também já foi punk e era amigo da vítima, mas hoje ele é um skinhead neonazista.

As tatuagens mostram claramente a mudança. A tinta mais fraca, já antiga, marcou a palavra punk. Nas novas marcas estão símbolos nazistas. Em uma imagem exclusiva, um jovem de 19 anos, conhecido como Treze, chega à delegacia com a mãe. Depois de prestar depoimento e negar a autoria do crime, ele foi preso temporariamente. Oliveira foi reconhecido por testemunhas. Se condenado, pode pegar de 15 a 30 anos de prisão por homicídio qualificado.

A polícia também já identificou o agressor da outra vítima. A prisão será pedida na próxima semana. Um parete de Johni que também não quer se identificar, diz que os punks foram surpreendidos por uma emboscada. “Não estamos falando de delinquentes juvenis. Como Romeu e Julieta, brigou a turma de baixo contra a turma de cima. Nós estamos falando de um segmento ideológico da população que prega o neonazismo”.

Durante dois anos, o estudante David Vega, de 22 anos, fez parte de um grupo radical: o movimento skinhead nacionalista. Ele abandonou o grupo e escreveu um livro em que conta o que viu e viveu. “Quando você está aliado a uma ideologia radical, os seus ânimos vão lá em cima.

Você enxerga o mundo pela verdade que você julga que ninguém consegue enxergar”, lembra o estudante David Vega, que conta como saiu do movimento: “Eu já não aguentava mais. Eu estava cansado de tudo isso. De sair na rua e não ter a tranquilidade de pegar um metrô e sentar sem ter de ficar preocupado. Eu queria paz”.

O movimento skinhead nasceu entre jovens brancos e negros da classe operária britânica no fim dos anos 1960. Eram identificados pela cabeça raspada e pelo tipo de música que ouviam. Foi só no fim dos anos 1970 que a política e as questões raciais surgiram e provocaram rachas e subdivisões. No Brasil, o movimento apareceu em São Paulo, no início dos anos 1980.

Hoje, a polícia do estado já identifica 25 grupos diferentes de skinheads. Nem todos defendem o nazismo. Os White Powers são os mais radicais. Defendem a raça branca e são contra judeus, negros, nordestinos e homossexuais. Os Carecas são nacionalistas, anarquistas e contra comunistas e gays.

Já os Antifascistas são contra o preconceito e contra o nazismo. Existe ainda uma linha de skinheads tradicionais, que combatem o preconceito e são desconectados da política. Os punks são anarquistas, contra qualquer tipo de autoridade e também repudiam o preconceito.

“Não adianta a gente achar que tem um lado bom e um lado ruim. As pessoas, quando se envolvem nesse tipo de gangue, estão em risco”, diz a delegada Margarete Barreto.
Para a delegada, especialista neste tipo de crime, o comportamento dos jovens pode dar dicas aos pais sobre o envolvimento com gangues radicais.

“O tipo de literatura que eles leem, o tipo de amigo que eles têm, as conversas que eles mantêm na internet, as tatuagens que eles ostentam, as roupas. Existem regras para entrar neste grupo. Então, ele se afasta da família porque muitas coisas ele não pode dizer para ela”, lembra Margarete Barreto.

A mãe do jovem que morreu esfaqueado diz que o filho não andava armado. “Ele achou no movimento punk uma forma de se manifestar”, justifica a professora Patricia Conceição. “Tinha muito medo. Ele andava com jaquetas, com emblemas antinazismo. Então, isso era uma provocação muito grande. Eles não perdoam”.


Em uma das jaquetas de Johni, uma frase se destacava ao lado de símbolos contra o nazismo: “Em uma guerra não existem ganhadores ou perdedores, somente milhares de mortos sem nenhum propósito".

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Aviso aos navegantes

Meu objetivo aqui é simples. Dizer aos cidadãos passivos que, passividade é uma escolha e não um estado no qual não há possibilidade de mudança de pólo. É possível sim ser ativo na política. É possível sim, fazer a diferença dentro do governo sendo um simples cidadão que tem vontade de mudança. Aliás, um simples cidadão com vontade de mudança, quando procura ser ouvido, sempre acha um meio. Basta querer. Basta tomar uma única atitude.

Qualquer ação faz diferença, principalmente, entre uma população que se encontra inerte desde que a ditadura militar acabou. O poder do povo unido faz toda a diferença. E isso, não é discursozinho de político, isso é fato. Quem não acredita me faça o grande favor, use dos artifícios que existem em suas mãos para descobrirem, para aprenderem. Se você é alguém que não aprendeu na escola ou não teve a chance de aprender, que muitas das grandes mudanças políticas que ocorreram pelo mundo, em diferentes épocas, ocorreram porque a população revoltada com as politicagens anti democráticas, foram as ruas, gritaram, reivindicaram e lutaram até conseguirem mudanças. Pessoas, usem a tecnologia a seu favor. Se você não sabe o que ocorre na política do seu país, procure saber. A internet existe para isso, é a forma mais fácil e rápida de se conseguir informação, hoje em dia. Ela não serve apenas para a diversão que as redes sociais fornecem. Aliás, pessoas, usem a força dessas redes sociais para se unirem contra a corrupção, contra a impunidade.

Muitos, na verdade, diria que 99% da população atual brasileira, adora reclamar. Reclamar é fácil, é prático, sem contar que, se o objetivo da reclamação em questão for provar para outro que você é alguém que se interessa pela política e sabe do que ocorre dentro dela, é, reclamar é o melhor caminho. Não quero que confundam meu objetivo aqui. Reclamar é essencial, é reclamando que se começa a chamar a atenção para o que não está bom. Mas reclamar sem agir, é completamente ineficaz. É a maior forma de passividade dentro da política. REAJAM. Procurem saber como os impostos estão sendo distribuídos, critiquem, falem, escrevam, apareçam. Afinal, aquele dinheiro que vocês pagaram de imposto no final do mês, está sendo desviado, isso é fato. Tudo aquilo que você investiu na educação brasileira, para que ela seja descente e excelente, está indo para a conta bancária de muitos políticos corruptos, ao invés de ir para a conta bancária de professores capacitados e que merecem um salário decente e digno. Você sabia que, se você tem filho e paga por uma boa educação em uma escola particular para ele, você está apenas pagando pelo ensino duas vezes? É. Seu filho tem direito a um ensino público e de qualidade, mas ao invés de você reivindicar esse direito dele, você prefere pagar por uma escola particular.

Temos que exigir que as medidas paliativas acabem. Que a governamentalidade atual acabe. Precisamos de uma reforma geral. Precisamos exigir que o ficha limpa dê certo. Precisamos que os políticos corruptos sejam desmascarados. Precisamos que o governo capitalista brasileiro, pare de pensar apenas na estabilidade do mercado, e comece a pensar na estabilidade na vida do brasileiro. Precisamos que a corrupção seja aprovada como crime hediondo. Precisamos de seriedade. Precisamos de honestidade. Precisamos de interesse social ao que acontece dentro da política. Precisamos de cidadãos brasileiros com vontade de mudança. PRECISAMOS URGENTE.

Estou cansada de ver dentro do meu meio social, aqueles que sentam em um bar e começam a discutir política. Não quero indignação com fim de aumentar o ego intelectual. Eu prefiro me abster nesse tipo de conversa. Cansei de ouvir pessoas, até mesmo dentro de uma faculdade de Direito, que dizem que não gostam de política ou que não gostam de discutir política. Peço a essas pessoas que me façam um favor, não falem por ai que vocês são cidadãos brasileiros, para mim, vocês são meras pessoas que moram no mesmo país que eu. Cidadão é aquele ativo, que procura saber o que está ocorrendo no seu país, que procura tentar mudar da forma que for possível. Qualquer atitude faz uma diferença tremenda. A simples ação de passar conhecimento para aquele que não possui, já faz uma diferença enorme.

Comecem a lutar pelos seus direitos. A constituição não prevê igualdade para que prevaleça a desigualdade. Por favor, UNAM-SE brasileiros. Lutem. Critiquem. Façam acontecer.

Espero que, dentre a maioria das pessoas que lerem esse texto, não apenas leiam, mas que passem a minha indignação para a frente. E aos navegantes, deixo meu recado dado. Faço meu papel de cidadã brasileira. E continuarei fazendo. Para aqueles que escutarem o hino nacional, prestem atenção na letra, “Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!”, comecei a ver essa frase como um pedido de socorro. “Salve!, Salve!” – Precisamos de mais heróis, o governo já está cheio de vilões para serem combatidos.

(Mariana Magalhães)
extraído do blogger de Anita Cristina: eumobilizo.blogspot.com

domingo, 4 de setembro de 2011

Se o piso não for pago em Minas será melhor fecharem o Congresso, o STF e a Presidência da República


A novela do piso salarial dos educadores, que já provocou a maior greve dos educadores da história de Minas Gerais, é emblemática. Ouso dizer: se o piso não for pago aqui em Minas, tal como mandam as leis federal 11.738/2008 (Lei do Piso), e estaduais 15.293/2004 e 15.784/2005 (Plano de Carreira e das Tabelas dos Educadores), será melhor mesmo fecharem o Congresso Nacional, o STF e a Presidência da República.

Estamos assistindo em Minas a um verdadeiro festival de agressão à legislação vigente, onde o governo, que controla os demais poderes da República no âmbito regional, tenta sistematicamente sonegar e não cumprir as leis federais e estaduais. A Lei do Piso foi aprovada em 2008, por unanimidade dos deputados, foi sancionada pelo presidente da República, e depois, tendo sido questionada por cinco desgovernadores (CE, RS, MS, PR e SC), teve sua constitucionalidade confirmada pelo STF em abril deste ano. Ora, o que mais precisa acontecer para que ela seja cumprida?

Pois aqui em Minas Gerais, primeiramente o governo tentou impor uma lei draconiana chamada subsídio, que praticamente acaba com o Plano de Carreira dos educadores, reduzindo percentuais de promoção e progressão (respectivamente de 22% para 10%, e de 3% para 2,5%), confiscando o tempo de serviço e incorporando todas as gratificações e vantagens adquiridas pelos educadores ao longo dos anos à parcela única, enquanto total de remuneração. O subsídio é mais ou menos a materialização da ADI 4167, que fora rejeitada pelo STF, que considerou o piso enquanto vencimento inicial, vencimento básico, e não soma total de remuneração, como acontece com o subsídio.

Mas, mesmo esta lei do subsídio, por ter sido elaborada antes da votação do STF, previa a possibilidade de que os educadores pudessem retornar, até o dia 10 de agosto, para a carreira antiga, do sistema remuneratório composto por vencimento básico mais as gratificações e vantagens. Contrariando as expectativas do governo, cerca de 153 mil educadores pediram o retorno para a antiga carreira. Os designados foram impedidos de tal opção, enquanto que os aposentados, muitos deles, sequer foram informados dos riscos que corriam com o subsídio; e ao não se manifestarem, estariam compulsoriamente presos ao subsídio.

Então, pelo menos para estes 153 mil educadores que voltaram para o sistema de vencimento básico o governo teria a obrigação constitucional, neste primeiro momento, de aplicar imediatamente o piso, que em Minas continua registrando os mais baixos valores do país: R$ 369,00 para o professor com ensino médio e R$ 550,00 para o professor com curso superior.

Mas, o governo mineiro, espertamente e sob os olhares complacentes do Procurador da Justiça, apresentou uma proposta de tabela indecente e imoral, através da qual o governo destrói completamente o Plano de Carreira em vigor em Minas Gerais. Nesta indecente proposta, o governo aplica o valor proporcional do piso do MEC para a jornada de 24 horas, resultando em R$ 712,20, para todos os professores dos diferentes níveis e progressões na carreira. E assim mesmo para janeiro de 2012, data em que haverá, pela lei 11.738/2008, novo reajuste no valor do piso de acordo com o custo aluno ano.

Assim, ao invés de pagar o piso imediatamente de acordo com o que manda o Plano de Carreira do estado, cujas tabelas instituídas pela Lei 15.784/2005 preveem um percentual de 22% entre os diferentes níveis de escolaridade, além da progressão de 3% entre os diferentes graus (letras), o governo simplesmente rasgou o texto do Plano de Carreira que prevê:

"Art. 4° - A estruturação das carreiras dos Profissionais de Educação Básica tem como fundamentos:

I - a valorização do profissional da educação, observados:

(...)

e) a evolução do vencimento básico, do grau de responsabilidade e da complexidade de atribuições, de acordo com o grau e o nível em que o servidor esteja posicionado na carreira;

(...)

Art. 16 - O desenvolvimento do servidor em carreira de Profissional de Educação Básica dar-se-á mediante progressão ou promoção." (Lei 15.293/2004)

Já na Lei 15.784/2005, que institui as tabelas, com os percentuais de 22% para mudança de nível (promoção) e de 3% para mudança de grau (progressão), observamos:

"... Art. 18 - Promoção é a passagem do servidor de um nível para o imediatamente superior, na mesma carreira a que pertence.

§ 1° - Fará jus à promoção o servidor que preencher os seguintes requisitos:

I - encontrar-se em efetivo exercício;

II - ter cumprido o interstício de cinco anos de efetivo exercício no mesmo nível;

III - ter recebido cinco avaliações de desempenho individual satisfatórias, desde a sua promoção anterior, nos termos das normas legais pertinentes;

IV - comprovar a titulação mínima exigida."

Imagine então que o servidor que passe por todo este processo, alcançando sua merecida mudança de nível (de I para II, ou de II para III, ou de III para IV), continuará recebendo, pela proposta imoral do governo, o mesmo piso salarial de R$ 712,20! Ou se ele andar nas letrinhas (de A para B, ou de B para C e assim por diante), após dois anos com duas avaliações positivas de desempenho, também continuará com o mesmo piso de R$ 712,20.

Ora, isso é uma verdadeira apropriação indébita de direitos adquiridos. É como se de uma hora para outra o governo resolvesse que TODOS os servidores públicos do estado passassem a receber um valor único, independentemente da sua formação acadêmica, do tempo de serviço, das gratificações que conquistaram ao longo da carreira, da complexidade do seu trabalho, etc. Isso é imoral, é ilegal, é revoltante até, e estranha-nos muito a cumplicidade do Procurador de Justiça de Minas Gerais, ao dizer cinicamente que com esta proposta o governo atende às exigências da Lei do Piso.

Isso representa uma quebra de contrato, um calote, um confisco aos educadores. Mas, uma coisa pelo menos ficou provado: se o governo pode quebrar contratos e rasgar leis ao bel prazer, tal como procura fazer agora, quando se trata de pagar aos educadores conforme manda a lei, então ele pode fazer o mesmo com qualquer um. Que tal então, para não ultrapassar a Lei de Responsabilidade Fiscal - outro pretexto para não pagar o piso dos educadores -, que o governo baixe um decreto reduzindo em 20% ou 30% de todos os salários dos mais altos cargos da hierarquia dos três poderes? Aliás, deveria começar pelo salário do procurador da Justiça, que demonstrou ter pouco zelo pelos direitos alheios, e em seguida atingir os salários dos deputados, dos desembargadores, das secretárias do governo, do próprio governador, etc.

Ora, o que estamos assistindo em Minas Gerais é uma verdadeira aula de desrespeito à lei. Uma agressão ao cidadão comum; e mais ainda: isso é uma afronta à Carta Magna do país, e deveria suscitar a imediata repulsa de todos, pois tal ameaça é uma porta aberta para a anulação e cassação de outros direitos. Amanhã serão outros setores do serviço público que terão seus direitos revogados. Depois, serão outros segmentos da sociedade que serão vítimas de semelhantes patifarias.

Minas Gerais tem se tornado o oposto dos sonhos libertários que empolgaram as muitas gerações. A estrutura de poder reinante em Minas envolve uma forma despótica de coronelismo da época imperial, na qual todos os poderes constituídos são servis ao Poder Executivo, com poucas vozes autônomas. E para completar esse quadro, temos uma mídia que igualmente, com raras exceções, é sensível apenas ao tilintar de muitos 30 dinheiros, que jorram feito fonte de água no bolso dos empresários que a controlam.

Afinal, o que nós, educadores, vamos ensinar aos alunos daqui para frente, se o nosso mísero piso salarial - estamos falando de R$ 1.187,00 para uma jornada de até 40 horas semanais! -, instituído em lei federal, for sonegado por um dos maiores e mais ricos estados do Brasil? O que vamos dizer para os alunos? Que este é um país de golpistas e canalhas, cujos governantes aplicam confiscos e roubos ao sabor dos interesses dos de cima? Que país é esse, que tem recursos sobrando para construir cidades administrativas, estádios de futebol, para bancar a Copa do Mundo, para pagar bilhões de juros aos banqueiros e credores das eternas dívidas internas, mas que nunca tem dinheiro para pagar aos educadores sequer um piso abaixo da crítica?

Mesmo virando lei, mesmo contanto com um fundo nacional - o FUNDEB -, mesmo podendo contar com o apoio do governo federal (que também se omite) ainda assim os governos estaduais e municipais encontram mecanismos vis para ludibriar a lei e não pagar aquilo que é direito dos educadores.

Que exemplo vamos deixar para as gerações atuais e futuras deste país? A mensagem que está sendo dita é: caros jovens, não sejam honestos, roubem, trapaceiem, sejam espertalhões e queiram levar vantagem sobre os mais fracos; sirvam sempre aos poderosos e enganem os mais frágeis.

É esta a aula pública que o governo de Minas e o governo Federal e todos os poderes constituídos deste país estão dando para a nossa juventude!

Felizmente, a nota diferente nessa triste melodia vem dos educadores em greve, dos alunos e dos apoiadores deste movimento grevista, que já dura 89 dias. Apesar de toda a máquina de destruir seres humanos usada para massacrar o nosso movimento, ainda resistimos, de pé, com garra e com coragem para vencer.

Quiçá as vozes independentes e as forças sociais dos de baixo se levantem enquanto ainda há tempo, para lutar contra essas práticas golpistas e cretinas dos de cima. Em nome de um estado e de um país melhores, para nós e para as próximas gerações.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

http://blogdoeulerconrado.blogspot.com

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mensagem aos Professores em Greve - de Leonardo Boff

Queridos colegas professoras e professores,

Estou estarrecido face à insensibilidade do Governador Anastasia face a uma greve dos professores e professoras por tanto tempo.

Ele precisa ser inimigo de sua própria humanidade para fazer isso. Ele não ama as crianças, não respeita seus pais, despreza uma classe de trabalhadores e trabalhadoras das mais dignas da sociedade, aquelas pessoas a quem nós confiamos nossos filhos e filhas para que recebam educação e aprendam a respeitar os outros e a acatar as autoridades que foram eleitas para cuidar dos cidadãos.

Essa intolerância mostra falta de coração e de compaixão no sentido mais nobre desta virtude que é sentir a necessidade do outro, colocar-se ao seu lado para aliviar seu padecimento e resgatar a justiça mínima de um salário necessário para a vida.

Recordo as palavras da revelação consignadas no livro do Eclesiástico capitulo 34 versículo 27:”Derrama sangue, quem priva o assalariado de seu salário". Não queremos um governador que aceita derramar sangue por não querer ceder nada aos professores e professoras que pedem o que é minimamente certo e justo.

Quero me solidarizar com todos vocês e apoiar as revindicações que estão formulando.

Com meus melhores votos e também preces diante dAquele que sempre escuta o grito dos oprimidos e injustiçados.

Leonardo Boff
Teólogo e escritor

Fonte:blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

• O preconceito de classe social é mais expressivo no Brasil do que o preconceito racial.

Claramente, a palavra segregação não deixa dúvida quanto ao seu significado mais geral, quando pesquisamos no dicionário: separação; divisão a fim de evitar contato; isolamento. Ao trazermos essa palavra para uma discussão de cunho sociológico, é inevitável pensarmos nos desdobramentos negativos para a vida social, principalmente do ponto de vista das hostilidades e conflitos sociais gerados pela segregação em si. Podemos observar vários tipos de segregação ao longo da história, os quais foram (e ainda são em alguns casos) motivados pelos mais variados fatores.

Segundo Ely Chinoy, embora sejam muitas as circunstâncias que possam influenciar na estrutura das relações entre indivíduos de grupos raciais e étnicos diferentes, pelo menos três merecem destaque. O primeiro diz respeito ao tamanho e ao número dos grupos, o que é fundamental para pensarmos em minorias ou maiorias; o segundo ponto diz respeito às diferenças entre esses indivíduos no aspecto físico e também cultural; finalmente, o terceiro aspecto diz respeito à disputa por recursos e por melhores condições de sobrevivência entre tais grupos, sendo que as maiorias almejam, dentro da estrutura social, submeterem as minorias, para delas tirarem vantagem.

Se considerarmos o segundo aspecto apontado por Chinoy, nele se enquadra a segregação racial, a qual diz respeito às diferenças físicas e, até certo ponto, também culturais. Obviamente, os demais fatores como ser uma minoria e estar em constante competição por recursos também devem ser considerados. A segregação racial está embasada na intolerância gerada, muitas vezes, por uma visão etnocêntrica de uma maioria em detrimento de uma minoria em um mesmo território. O etnocentrismo vilipendia as formas de organização que se diferem daquela que se tem por referência, gerando os mais diversos preconceitos. Assim, a construção pelo senso comum de alguns estereótipos, isto é, da rotulação de determinados grupos, é, em certa medida, um meio no qual o preconceito consegue se sedimentar.

A segregação racial não é um fenômeno social novo, estando presente já dentre as primeiras civilizações, as quais lançavam mão de organizações sociais regidas por castas. Porém, em sociedades como a Índia esse tipo de estratificação social ainda é uma realidade. No século XX, o mundo assistiu um dos maiores genocídios já vistos, fruto da segregação racial e do preconceito oriundos do regime nazista de Hitler, o qual foi responsável pela morte de milhões de judeus em campos de extermínio. Para além da Ásia e Europa, podemos pensar em um exemplo do continente africano. Embora a segregação nesse continente tenha origem no processo de colonização, na África do Sul, ao longo de décadas, prevaleceu o chamado regime de Apartheid, através do qual a segregação racial entre brancos (europeus) e negros (africanos) encontrava amparo até mesmo na lei. Uma fatia expressiva da população africana de cor negra era excluída de vários direitos civis, sociais e políticos, ou seja, alienados de sua cidadania. Porém, a transformação dessa realidade (que perdurou ao longo de boa parte do século XX) se daria mais tarde pela luta política de Nelson Mandela. Da mesma forma, é válido citar outros conflitos, mesmo que gerados menos por questões de raça do que por diferenças étnicas, como os que ocorrem entre palestinos e judeus, as lutas pela emancipação do povo basco no continente europeu, a luta entre católicos e protestantes na Irlanda, o preconceito de franceses contra imigrantes, além, é claro, daquele cultivado por norte-americanos em relação a latinos, árabes e imigrantes em geral.

Ainda sobre a segregação racial, é fundamental discorrer sobre a forma como os Estados Unidos lidaram e ainda lidam com o preconceito contra o negro. Para que pudessem ter um presidente afro-descendente, muitas lutas foram necessárias, como a de Martin Luther King, do próprio movimento contracultural, do grupo político dos “panteras negras”, entre outros. Ainda assim, o preconceito e a segregação, em maior ou menor grau, persistem naquela sociedade.

Se tomarmos o Brasil como exemplo, a segregação racial contra negros e índios promovida por brancos desde os tempos de colônia foi decisiva na formação da sociedade brasileira. O mito das três raças como explicação do nascimento do homem brasileiro não foi suficiente para acabar com o racismo, o qual agora existe de maneira velada, escondido atrás de uma falsa democracia racial como já apontava Florestan Fernandes. Contudo, vale a pena observar que, embora o racismo não esteja extinto e ainda existam desigualdades sociais alarmantes, não existe uma segregação racial, étnica ou religiosa tão destacada na sociedade brasileira como a que se viu nos exemplos citados anteriormente, ao redor do mundo. Obviamente, não podemos desconsiderar os recentes ataques pela internet aos nordestinos (tema do enredo de uma escola de samba em 2011), as agressões a jovens homossexuais, e este preconceito racial velado, todos indícios da existência de grupos intolerantes e preconceituosos contra minorias (isso sem falar do preconceito contra as mulheres). Porém, daí a comparar a sociedade brasileira com a África do Sul do Apartheid não seria coerente com a realidade nacional.

Para termos uma ideia da importância dessa temática, bem como do aceno positivo do Brasil para lutar contra qualquer tipo de segregação, a ONU (Organização das Nações Unidas) e o governo brasileiro criaram um site específico sobre gênero, raça e etnia em março de 2011. O site do PNUD, o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia foi feito em parceria com outros órgãos vinculados à ONU, como a OIT e UNICEF, tendo como objetivo defender e propagar a incorporação da equidade de gênero e de cor/raça na gestão pública. Obviamente, esse assunto é mais complexo do que pode parecer, principalmente quando traz em sua esteira outras questões como a construção de uma identidade nacional e a ideia de pertencimento à nação, apenas para citar alguns exemplos.

Por isso, a promoção de fóruns de discussão por toda a sociedade, para além das escolas e universidades, é uma importante ferramenta na compreensão e formulação de alternativas mais justas e tolerantes para que possamos conviver com a diferença em um mundo que se diz “global”.

Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

• Narcotráfico A atividade ilegal que é uma das mais lucrativas do planeta.

O narcotráfico é caracterizado pela venda de substâncias ilícitas, sendo, portanto, uma atividade ilegal. O faturamento obtido através da venda dessas substâncias é extraordinário, conforme estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) estima-se que a renda anual de drogas ilegais seja de 400 bilhões de dólares, correspondendo a aproximadamente 8% do comércio internacional, superando a indústria automobilística e a atividade turística no Brasil.

Um bom exemplo para demonstrar a lucratividade do narcotráfico é a produção da cocaína. Na Colômbia, país responsável por 75% da produção de cocaína mundial, um quilo do produto puro é vendido por 1.500. Nos Estados Unidos, nação que possui o maior mercado consumidor de drogas, o quilo da cocaína é vendido a 25.500 no atacado. Após passar por várias alterações (malhação), o quilo dessa cocaína rende 110 mil através dos consumidores, ou seja, um lucro de 108.500 dólares.

A coca (matéria-prima da cocaína) é cultivada em larga escala em três países sul-americanos: Bolívia, Peru e, principalmente, na Colômbia. De acordo com a ONU, essas três nações são responsáveis pela produção de cerca de mil toneladas de cocaína por ano.

As drogas são distribuídas para os mercados consumidores das mais diferentes formas. O tráfico é realizado através de aviões, caminhões, carros, ônibus, barcos, entre outros. O envio de grandes quantidades de drogas é normalmente realizado por meio de contêineres, misturados com fumo, soja, arroz, etc. O mercado é amplo e expande-se a cada ano, cerca de 5% da população mundial é usuária de drogas ilícitas, sendo a maconha, a mais consumida.

Conforme o relatório sobre Estratégia Internacional de Controle de Narcóticos, o Brasil é o principal exportador de drogas para os Estados Unidos. O país possui condições favoráveis para o narcotráfico, pois tem um grande mercado consumidor (atualmente é o segundo maior do mundo), posição geográfica estratégica para o transporte internacional de drogas e faz fronteira com três dos grandes produtores de cocaína e maconha. Cerca de 10% do dinheiro arrecadado pelo narcotráfico fica em terras brasileiras.

Além da venda de substâncias ilícitas, os narcotraficantes estão envolvidos com roubos de carros, bancos, caixas eletrônicos, tráfico de armas, crianças, órgãos humanos, prostituição, pornografia infantil, sequestros, lavagem de dinheiro, financiamento de campanhas políticas, etc.

Essa é uma atividade bem lucrativa, no entanto, como em qualquer outra atividade ilegal, o narcotráfico é responsável por um grande número de assassinatos e detenções. Estima-se que 20% dos presos brasileiros estejam envolvidos com o tráfico de drogas, sendo que com as mulheres, essa proporção é bem maior – 60% das presidiárias.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

“O Analfabeto Político” de Bertolt Brecht

"O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."