domingo, 29 de maio de 2016

DEIXEM-ME ENVELHECER
Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,
Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,
Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,
Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,
Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,
Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,
Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,
Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.
Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,
Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,
Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,
Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,
Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,
Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,
Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,
Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.
Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,
Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,
Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,
Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,
Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,
Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,
Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,
Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!!!

 Silvana Freygang
Quando fiquei viúva aos 37 anos...
Foi uma  desgraça...
Em cidade pequena, viúva nova,
Virei ameaça...

Saí da cidade, fui pra outro lugar.
Onde eu não tivesse identidade.
Mas vivi de tristezas... embaixo das camas,
embaixo das mesas...

Um dia cansei. Resolvi recomeçar.
Voltar a viver... voltei a trabalhar...
Resolvi também, que voltaria a amar...

Tolice que fiz... não fui feliz.
Em toda linda obra que construí...
só fiquei com escombros.
Da linha de partida até a de chegada...
abri feridas, ralei joelhos, só levei tombos.

Já aqui, em Maricá, faz pouco tempo...
resolvi modernizar...
Pra que envolvimento?
Todo mundo sai, dança, transa,
vou fazer como todo mundo e vou
dar por dar...

Hahahahahha...
Entrei com um buraco no corpo e saí com um abismo na alma.
Pensei,,,calma... é que você não está acostumada...
Não... não sei trepar em cima do muro,
nem no sentido literal nem no sentido não literal.
Não sou liberal.
Preciso de mais que um "pau".
Um amigo, um abrigo, um feliz final.

Não me reconheço na efemeridade,
mas não mais acredito na intensidade do infinito.
Não sei mais a minha prioridade...
não sei de verdade....

Tenho passo a passo
Seguido o meu caminho...
Não me reconheço em meus vôos...
Não tenho vontade de cruzar mais oceanos,
não quero projetos, nem planos...
quero a paz do meu ninho.

Eu, passarinho, sem casa,
sem asa, sozinho.

Andréa de Avellar.