terça-feira, 19 de julho de 2016

Não sei você
Não sei você, mas eu leio Gabito Nunes, Pablo Neruda, Martha Medeiros, Paulo Leminski, Mia Couto, cuido da casa, trabalho em mil projetos ao mesmo tempo, escrevo meus direitos e desejos em cadernos para lembrar que de ilusão também se vive. Canto sem melodia e degusto a esperança de ninguém me fazer interrogatórios.
Inscrevo-me, dando uma importância danada nos pormenores dos relacionamentos. Faço figa para a sorte não me abandonar e vivo entre o extremo da loucura que me permite sonhar e a realidade que ajuda realizar.
Não sei você, mas eu nunca sei para onde estou indo e mesmo assim insisto no caminho. Perco-me nos espaços. Tenho medo de altura.
Não sei você, mas eu acordo de bom humor, tomo café bem devagar, uso de uma riqueza exagerada de detalhes sem nenhuma importância para contar um fato simples, faço várias coisas ao mesmo tempo e consigo dar conta pelo menos da metade.
De você eu ainda não sei, mas eu tenho juízo. Não sou adepta ao acaso. Tenho sonhos absurdos e sinceramente nesse momento não tenho certeza se dentro de mim há uma criança curiosa ou um adulto insatisfeito.
Não sei sobre você, mas as minhas teorias são todas fajutas. Nem sempre tenho tanta paciência (venho exercitando), nem sou tranquila e serena o quanto pareço. As vezes sou chuva mansa e outras vezes tempestades. Tenho o meu impróprio lado B.
Não sei você, mas eu curto bossa nova de Caymmi e Vinícius (que agora já não é tão nova) a MPB de Caetano, Chico, Elis, as invenções da internet e tenho como melhor companheiro alguns livros na cabeceira da cama, com páginas dobradas, algumas marcações e vários suspiros.
Não sei você, mas choro em dramas cinematográficos, sou adepta a uma ginástica no exato momento em que meu velho e bom jeans fica apertado, (isso não passa de tristezas no espelho às segundas-feiras), esqueço-me de molhar as plantas, tenho preguiça de ir ao supermercado e adoro uma feira aos domingos.
Não sei você, mas eu tenho medo de escuro e muito mais de morrer sem ter feito tudo que eu desejo, encarno várias facetas sem lamentos, atrapalho-me com nomes, não sei fazer rimas e o restante eu sempre deixo para a próxima sexta-feira.
Não sei você, mas eu não me entendo e acho que isso não faz mal algum. Transcrevo apenas algumas interpretações das fases que vivi e o restante deixo desaguar. No mais eu tenho uma profunda devoção a tudo aquilo que me faz bem e nessa eu acredito em anjos, energia abençoada da natureza e no sagrado de todo humano.
Não sei bem sobre você, mas eu ainda não fechei minhas edições sobre o amor. E esse é o sentimento pelo qual tenho maior admiração, mesmo sabendo que ele demora em aparecer por aqui.
Não sei você, mas eu ainda acredito na lua, no sol nas estrelas e acho fenomenal a gente sonhar sem saber onde vai chegar.
Não sei você, mas eu faço de conta que a lua é dos enamorados. Que a vida não é um oceano para lamentações. Que o amor acontece a qualquer horinha e coração nunca está pronto.
Não sei sobre você, mas eu invento, me esforço, faço apelos e guardo tudo na memória, faço promessas para que nunca morra a pulsação no corpo que nos leva a sonhar. Não sei você, mas eu encontro dentro de mim, um repertório novinho de coisas para viver.
Não sei você, mas eu acho que no final tudo vai acabar bem. E se o final é próximo ou distante isso é para outra pessoa, porque eu sou apenas aprendiz de ilusões.                                                                                                Texto transcrito da página de Lu Freitas (facebook)

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