domingo, 29 de maio de 2016

Quando fiquei viúva aos 37 anos...
Foi uma  desgraça...
Em cidade pequena, viúva nova,
Virei ameaça...

Saí da cidade, fui pra outro lugar.
Onde eu não tivesse identidade.
Mas vivi de tristezas... embaixo das camas,
embaixo das mesas...

Um dia cansei. Resolvi recomeçar.
Voltar a viver... voltei a trabalhar...
Resolvi também, que voltaria a amar...

Tolice que fiz... não fui feliz.
Em toda linda obra que construí...
só fiquei com escombros.
Da linha de partida até a de chegada...
abri feridas, ralei joelhos, só levei tombos.

Já aqui, em Maricá, faz pouco tempo...
resolvi modernizar...
Pra que envolvimento?
Todo mundo sai, dança, transa,
vou fazer como todo mundo e vou
dar por dar...

Hahahahahha...
Entrei com um buraco no corpo e saí com um abismo na alma.
Pensei,,,calma... é que você não está acostumada...
Não... não sei trepar em cima do muro,
nem no sentido literal nem no sentido não literal.
Não sou liberal.
Preciso de mais que um "pau".
Um amigo, um abrigo, um feliz final.

Não me reconheço na efemeridade,
mas não mais acredito na intensidade do infinito.
Não sei mais a minha prioridade...
não sei de verdade....

Tenho passo a passo
Seguido o meu caminho...
Não me reconheço em meus vôos...
Não tenho vontade de cruzar mais oceanos,
não quero projetos, nem planos...
quero a paz do meu ninho.

Eu, passarinho, sem casa,
sem asa, sozinho.

Andréa de Avellar.

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